UFC BJJ Road, uma abertura histórica
O episódio 1 de Road to the Title do UFC BJJ Road se abre com imagens de arquivo de Royce Gracie dominando seus adversários nos primeiros UFCs. A referência é clara: o jiu-jitsu lançou a era moderna dos esportes de combate, e hoje, o UFC quer devolver-lhe seu lugar de direito no primeiro plano. Esta referência não é casual: ela posiciona esta iniciativa como a evolução natural do JJB no UFC, 30 anos depois.
Os 16 atletas chegam em trajes civis ao redor do famoso “pit”, esta superfície curva pensada para impedir as saídas e favorecer a ação contínua. Todos testam as bordas, se divertem, se observam. A arena impressiona e todos compreendem imediatamente o impacto tático desta inovação.

Dana White faz sua entrada com os dois técnicos e dá o tom: “Vocês estão aqui para escrever a história. O UFC está aqui para vocês.” Ele então revela uma informação importante: “A razão pela qual eu e os Fertittas compramos o UFC foi por causa do jiu-jitsu brasileiro. Começamos a praticar, ficamos viciados.”
Ele insiste no fato de que os faixas-pretas de JJB são “um tipo especial de pessoa” – reconhecimento importante do presidente do UFC que coloca o JJB no coração do DNA da organização.
Dois técnicos, duas visões
Os dois técnicos encarnam duas filosofias distintas do jiu-jitsu moderno:
Mikey Musumeci: calmo, sereno, focado no desenvolvimento pessoal. Apresentado como detentor de cinco títulos mundiais IBJJF faixa-preta e recordista da finalização mais rápida já realizada em final de mundial (12 segundos!), ele quer fazer flow-roll com cada atleta para sentir seu estilo técnico. Ele fala do BJJ como uma ferramenta para se tornar uma pessoa melhor: “Se outras pessoas se conectarem ao BJJ, isso vai torná-las melhores em suas vidas.”
Rerisson Gabriel: carismático, bruto, 100% energia brasileira. Não o vemos diretamente rolando, mas observa cada troca com intensidade. Uma abordagem mais estratégica, quase instintiva.
Análise BJJ Rules: Essas duas abordagens de avaliação são fascinantes e reveladoras. Musumeci aposta na sensação técnica direta, Gabriel na observação analítica. Duas escolas de coaching que prometem estratégias de equipe muito diferentes.
Seleção das equipes: estratégia vs potencial
O sorteio do UFC BJJ Road dá a primeira escolha para Rerisson Gabriel. Sem surpresa, ele escolhe Gianni Grippo (classificado em 5º), reconhecido como um dos mais experientes do grupo. Escolha lógica: Grippo poderia ter sido técnico sem problema, reconhecimento unânime de seu nível excepcional.
A regra de balanceamento envia automaticamente Carlos Henrique (classificado em 4º) para Musumeci. Segue uma série de escolhas estratégicas que desenham as equipes:
Time Musumeci:
- Peso-leve: Carlos Henrique (4), Danilo Moreira (3), Kyvann Gonzalez (7), Isaac Doederlein (8)
- Peso-meio-médio: Davis Asare (3), Jason Nolf (4), Nathan Haddad (7), Aaron Wilson (8)
Time Gabriel:
- Peso-leve: Keith Krikorian (1), Josh Cisneros (2), Gianni Grippo (5), Mauricio Rios (6)
- Peso-meio-médio: Andrew Tackett (1), Andy Varela (2), Elijah Carlton (4), Austin Oranday (6)
Análise estratégica: No papel, Gabriel efetivamente apostou na experiência com suas escolhas 1 e 2 em cada categoria. Musumeci parece ter privilegiado a fluidez, a margem de progressão e o potencial técnico puro. Duas visões complementares que refletem as múltiplas faces do jiu-jitsu contemporâneo.
Chaveamento anunciado: os confrontos definidos
Os combates da primeira rodada são imediatamente revelados, criando uma tensão palpável:
Peso-leve:
- Keith Krikorian vs Isaac Doederlein
- Carlos Henrique vs Gianni Grippo
- Josh Cisneros vs Kyvann Gonzalez
- Danilo Moreira vs Mauricio Rios
Peso-meio-médio:
- Andrew Tackett vs Aaron Wilson
- Elijah Carlton vs Jason Nolf
- Andy Varela vs Nathan Haddad
- Davis Asare vs Austin Oranday
Primeiro combate histórico: Andrew Tackett vs Aaron Wilson – um choque entre um fenômeno explosivo e um azarão cheio de humildade.
Vida na vila UFC BJJ Road: respeito e ambição
Os atletas descobrem a casa comum e o quadro dos combates. O ambiente é notável: muito respeito, diversão, excitação. Como nota Danilo Moreira em entrevista, todo mundo parece “francamente feliz”.

Ponto notável: eles discutem juntos as novas regras, manifestamente muito bem compreendidas e apreciadas. Os atletas são unânimes sobre o impacto tático: “Ninguém mais pode fugir”, “Você não pode rolar contra uma parede, então não pode escapar”, “Todo mundo tem que ir para frente em algum momento.” O sistema de rounds, o “pit”, e a ausência de saídas de zona já modificam sua forma de pensar os combates. A adaptação mental é imediata.
Retratos cruzados: o humano no centro
Aaron Wilson: Pai de família de 35 anos (Gilbert, Arizona), sua situação pessoal toca profundamente. Ele cria Warren, seu filho de 6 anos com autismo, com sua noiva Amanda. “Warren só come frutas e batatas fritas, Amanda consegue entendê-lo quando eu não consigo.” Esta realidade familiar torna seu sacrifício ainda mais marcante: “Me sinto um pouco culpado de estar aqui, minha família faz muita falta, mas dar tudo que tenho vai tornar esta aventura valiosa.” O azarão perfeito que não tem nada a perder e tudo a provar.
Andrew Tackett: Prodígio de 22 anos de Austin, Texas, ele revela um elemento chave de sua personalidade: “Tenho ADHD extremo, mesmo em combate se não me movo por um segundo, fico entediado e continuo me movendo.” Esta particularidade explica perfeitamente seu estilo explosivo e constante. Estudando em casa desde a infância, ele cresceu no JJB: “Eu acordava, fazia minha lição de casa, ia treinar ao meio-dia, voltava, fazia lição novamente, voltava para treinar à noite.” Showman natural e acrobático, ele se descreve como alguém que “ataca o tempo todo” e promete: “Esperem estar na beira de seus assentos porque vou fazer algo acontecer desde o minuto que o sino toca até o minuto que para.”
O primeiro combate oficial: validação do conceito
A pesagem e o encaramento dão o pontapé inicial oficial. A intensidade sobe um nível com a entrada no pit para Andrew Tackett contra Aaron Wilson.
Spoiler:
O combate: Andrew domina imediatamente com sua pressão física e técnica superior. Desde o primeiro round, ele impõe seu ritmo com trocas de luta onde sua força e energia fazem a diferença. Aaron resiste mas se encontra rapidamente em dificuldade. Andrew termina pegando as costas e finalizando com mata-leão – uma vitória clara e categórica que confirma seu status de favorito.
Reações pós-combate:
- Andrew: “Me senti muito bem, entrei, saí rapidamente, economizei minha energia e estava muito feliz com essa performance.”
- Aaron: “Dia difícil, não tive realmente a chance de começar. Queria fazer um pouco mais do que fiz, bem decepcionado. Vai doer por um tempo.”
Análise técnica BJJ Rules: Este primeiro combate valida perfeitamente a eficácia do novo sistema e as previsões de Mikey que insistia: “A pontuação conta as finalizações mais que tudo, quero constantemente ver vocês buscando finalizações.”

Pontos validados:
- O formato 3×5 minutos empurra para ação imediata (Andrew impõe seu ritmo desde o primeiro segundo)
- O pit impede estratégias de fuga (“Ninguém mais pode escapar” como diziam os atletas)
- As bordas curvas criam engajamento constante
- A pontuação favorece claramente a agressão e tentativas de finalização
Validação especialista: Claudia Gadelha (Diretora de Estratégia JJB UFC) confirma nossa análise: “Agora você tem que empurrar o ritmo o tempo todo, as lutas não saem dos limites e o sistema 10-point must, realmente acho que é isso que vai mudar o jogo. O lutador busca finalizações o tempo todo. Vai ser emocionante porque finalizações são emocionantes.”
O ponto BJJ-Rules
Este primeiro episódio é um sucesso total. Sentimos uma vontade clara: profissionalizar o jiu-jitsu sem desnaturá-lo. A produção é de nível Hollywood, a realização fluida, o elenco bem construído, e as regras criam uma verdadeira tensão estratégica.
Pontos fortes observados:
- Respeito mútuo entre todos os participantes apesar da disputa
- Ambiente saudável mas competitivo
- Formato visualmente impactante que já muda as mentalidades
- Storytelling natural em torno das personalidades dos atletas
- Inovação tática do “pit” imediatamente compreendida
Longe de um simples torneio, é uma história humana que começa, com o profissionalismo UFC como suporte perfeito.
Amanhã: UFC BJJ Road episódio 2
O episódio 2 promete novos confrontos, incluindo o choque muito esperado entre Keith Krikorian e Isaac Doederlein. Já temos uma prévia de seu confronto com Isaac mostrando sua determinação: “Vou ganhar tudo, vou ganhar tudo, vou ganhar tudo” contra Keith, cabeça de chave #1 dos peso-leves.
Teaser episódio 2: As primeiras tensões parecem aparecer na vila com declarações firmes (“Eles sabem que sou um animal”), e podemos esperar ver outras personalidades se revelarem.
🎯 Seu prognóstico? O veterano Krikorian conseguirá impor seu cardio lendário contra a técnica pura de Doederlein?
💬 E vocês? Quem marcou neste primeiro episódio? Time Mikey ou Time Rerisson? Qual combate vocês mais esperam? Digam nos comentários!
Sigam nossas análises diárias de Road to the Title – Nos vemos amanhã no BJJ-Rules.com para a análise completa do episódio 2.
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